quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Muro de Berlim










Na manhã bem cedo do dia 13 de agosto de 1961, a população de Berlim, próxima à linha que separava a cidade em duas partes, foi despertada por barulhos estranhos, exagerados.



















Ao abrirem suas janelas, depararam-se com um inusitado movimento nas ruas a sua frente. Vários Vopos, os milicianos da RDA (República Democrática da Alemanha), a Alemanha comunista, com seus uniformes verde-ruço, acompanhados por patrulhas armadas, estendiam de um poste a outro um interminável arame farpado.
Enquanto isso, atrás deles, trabalhadores em camiões descarregavam tijolos e sacos de cimento. Outros feriam o duro solo com picaretas e britadeiras e preparavam a argamassa. Assim, do nada, começou a brotar um muro, o pavoroso Mauer, como o chamavam os alemães.

















O Muro de Berlim foi uma realidade e um símbolo da divisão da Alemanha em duas entidades estatais, a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA).
Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: Berlim Ocidental (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos da América; e Berlim Oriental (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético.

Do muro faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas para ferozes cães de guarda.

















Este muro provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de o atravessar.













O Muro de Berlim caiu no dia 9 de Novembro de 1989, acto inicial da reunificação das duas Alemanhas, que formaram finalmente a República Federal da Alemanha, acabando também a divisão do mundo em dois blocos, sendo por muitos considerado este momento como o fim da Guerra Fria.

Os sem papeis










Viajam com as cabeças de fora
cortam a espuma
do vento nas ondas

cortam o rosto com sal
viajam com o corpo
uns dos outros

movem-se
nos olhos
uns dos outros

não perguntes
de onde
vêm

vêm
em direcção a ti-
terra

vêm
como
Ninguém.


30/12/2006
J.T.PARREIRA

Martin Luther King - 15 de Janeiro de 1929 – 4 de Abril de 1968



Martin Luther King - 15 de Janeiro de 1929 – 4 de Abril de 1968


Eu tenho um sonho no qual um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seu credo...que todos os homens são criados iguais...

Eu tenho um sonho de que algum dia, nas colinas vermelhas da Georgia,os filhos dos escravos e os filhos dos senhores de escravos se sentarão juntos à mesa da fraternidade. Esta é a nossa esperança...

Eu tenho um sonho! Com esta Fé, eu volto para o Sul.Com esta Fé, arrancaremos da montanha da angustia um pedaço da esperança. Com esta Fé, poderemos trabalhar juntos, orar juntos, ir juntos à prisão, certos de que um dia seremos livres...

Quando deixarmos o sino da liberdade tocar em qualquer vilarejo ou aldeia de qualquer estado, de qualquer cidade, neste dia estaremos prontos para nos erguer.Todos os filhos de Deus, brancos ou negros, judeus ou gentios, protestantes ou católicos, estarão prontos para dar as mãos e cantar aquele velho hino dos escravos:

"FINALMENTE LIVRES! FINALMENTE LIVRES! GRAÇAS AO DEUS TODO-PODEROSO NÓS SOMOS FINALMENTE LIVRES".

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

sábado, 18 de agosto de 2007

Janelas de Alma1

• Barquinho no mar Denise Casatti *



Denise Casatti *

Eu peguei meu barquinho de madeira, que eu tinha feito com minhas próprias mãos, meu remo e reuni toda a coragem para dizer adeus. Os 25 mil tripulantes do transatlântico, ao verem a cena
- eu, sozinho, a caminho do oceano -, gritavam:

- Você vai morrer, Obeny!

Eu saí aos prantos, dizendo que conseguiria. Quando coloquei meu barquinho no meio daquele mar, ainda podia ouvir os apelos. Chegar à terra era mais do que me sentir seguro, era começar a realizar o sonho que eu guardara tantos anos dentro do peito, e que eu jurara tantas vezes, em silêncio, que um dia atenderia.

Era 1982 e a lembrança do barquinho no mar me arrepia até hoje, chego a encher os olhos d'água. Foi a metáfora que encontrei para selar com poesia o fim dos meus trinta anos de trabalho na indústria automobilística. Trinta anos como técnico de engenharia de produção, tempo de aprender a organização, a disciplina, a austeridade de uma grande empresa. Tempo de comprar os ingredientes para preparar o doce sonho.

Quando a aposentadoria chegou, fui fazer o que tinha que fazer: pedir demissão. O chefe não se conformou. Eu tinha tudo: casa, carro, dinheiro... O que mais poderia querer? O que me faltava? Eu disse:

- Agora vou fazer o que mais gosto na vida: doce brasileiro.

Ele me olhou espantado ao escutar a paixão revelada, falou que eu era louco e que, se precisasse de qualquer coisa, minha vaga estaria garantida. Graças a Deus, nunca voltei.
Na época em que ainda navegava pelo transatlântico, também exerci a profissão em que me formei: psicologia. Movido pelo meu amor pelo ser humano, durante dez anos conciliei o trabalho na indústria durante o dia com a lida no consultório durante a noite.

Eu tratava de alcoólatras e viciados, pois tinha autoconfiança. Sabia que era capaz de entrar em uma roda de fumo e não ser contagiado. Eu conversava com o paciente, conquistava sua confiança e saíamos daquela situação de braços dados. Era como se eu visse uma pessoa se afogando, a água já passando da altura do pescoço, e nadasse para buscá-la com a convicção de que a tiraria dali. Era uma força muito grande, movida por coragem e confiança, sem medo. As coisas dentro do meu ser são assim, acho que isso vem da minha formação e da estrutura que construí em mim por causa dos muitos anos em uma grande empresa.

Mas a ética da psicologia impedia que eu fosse verdadeiramente Obeny. No consultório, eu tinha que seguir as regras profissionais, não podia simplesmente fazer o que sentia vontade, o que meu coração mandasse. Se quisesse ir abraçar uma pessoa que sentia precisar de um abraço, não podia. Tinha que dizer apenas "oi, bom dia!".

Sei que não sou regra para ninguém, mas queria me sentir bem com as coisas que fazia e não ter a reserva de passar para o outro o que estava sentindo. Estou mais realizado aqui, na minha barraca de doces, onde posso pegar uma pazinha de cocada e oferecer para quem meu coração indicar. Posso também dizer "eu te amo" para quem eu perceber que precisa ouvir essas palavras. Talvez eu continue salvando náufragos com esses pequenos gestos. Talvez, agora, eu esteja pronto para realizar esses salvamentos cotidianos porque saí de um transatlântico em um barquinho de madeira e também posso ser considerado um náufrago.

Acho que só podemos levar o outro até onde fomos capazes de chegar. Eu cheguei à terra firme. Eu acordei e me sinto capaz de acordar pessoas. Sei que um "eu te amo" é capaz de penetrar em camadas de ferrugem e revelar a beleza humana profunda. Nessa hora, não importa se quem está na minha frente é homem, mulher, branco, índio, negro, um de meus seis filhos, um de meus seis netos... Importa apenas que é um ser humano.
Denise Casatti *