quarta-feira, 25 de julho de 2007

A um ano dos Jogos Olímpicos

Mil crianças chinesas foram vendidas como escravos
Pedro Chaveca

Com uns magros 50 euros consegue-se comprar uma vida humana na China, depois inicia-se o inferno da escravatura.











São milhões as crianças que caem nas malhas da escravatura

Embora a lei chinesa considere o trabalho infantil ilegal, foram mais de mil as crianças chinesas raptadas nas várias províncias do país, especialmente na paupérrima e sobrepovoada região de Henan. Os sequestros tinham lugar, na grande maioria dos casos, em estações de comboios e autocarros.
Segundo a notícia publicada ontem pelo Diário do Povo – o órgão oficial do governo Chinês – as crianças, que depois de vendidas por 50 euros eram encaminhadas para o trabalho escravo em fábricas de tijolos, foram vitimas de maus-tratos brutais e obrigadas a trabalhar 14 horas por dia, sem qulquer tipo de pagamento.
“Alguns estiveram isolados do mundo exterior durante sete anos, foram agredidos e ficaram com ferimentos graves ao tentar escapar”, podia ler-se numa carta enviada ao jornal pelos pais das quatro dezenas crianças, entretanto recuperadas, “os guardas também lhes queimaram as costas com tijolos incandescentes”.
As famílias de 400 das crianças desaparecidas tentaram por todos os meios resgatar os seus entes queridos, acabando por gastar as suas magras economias, na maioria dos casos em vão. No final das buscas só foram reencontradas 40 crianças.
Crianças de 8 anos escravizadas
Nessa altura o desespero e a falta de meios levaram os pais a recorrer à Internet e às autoridades locais. Se a primeira pouco ajudou a segunda foi realmente um obstáculo, “não só não os ajudava como os impedia de procurar os filhos”, referiu o jornal.

A união promovida pelas olimpíadas não veio atenuar o flagelo do trabalho infantil na China
Foi preciso ser colocada uma petição na Internet, para que a polícia de Henan desse inicio às buscas e falasse com as autoridades de Shanxi, para onde se pensa que as crianças foram levadas, algumas com apenas 8 anos.
O verniz começou a estalar quando a, cada vez mais livre, imprensa chinesa deu a conhecer o horror da escravatura infantil e não só.
Na semana passada foram libertados 31 operários na província de Shanxi, que trabalhavam e viviam em condições abjectas de escravatura, numa fábrica de tijolos, propriedade do secretário local do Partido Comunista Chinês.
15 horas por dois euros
Os homens, que não recebiam mais do que pão e água, estavam profundamente traumatizados, conseguindo apenas balbuciar os próprios nomes. Todos estes verdadeiros mortos-vivos apresentavam também ferimentos graves e queimaduras profundas, uma vez que eram obrigados a caminhar descalços dentro dos fornos e a transportar tijollos a ferver.
O efeito dominó não se fez esperar. Na passada segunda-feira as autoridades chinesas foram mais uma vez obrigadas a pôr em marcha uma investigação, para clarificar o envolvimento, no mundo do trabalho infantil, de quatro empresas responsáveis pela produção de material para os Jogos Olímpicos de Pequim, no próximo ano.
Embora no início todas as fábricas tenham negado as acusações, uma delas acabou por reconhecer ter dado emprego a crianças de 12 e 13 anos. Uma confirmação que corrobora o que as organizações dos direitos humanos têm vindo a alegar.
As organizações não governamentais referem ainda que, estas vítimas do desenfreado crescimento económico chinês, são obrigadas a trabalhar 15 horas por dia, sete dias por semana, por um salário que não ultrapassa os dois euros por dia, metade do vencimento mínimo no país.
ExpressoClix

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